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quarta-feira, 13 de julho de 2011

ESPAÇO BERGMAN

Assunto: Carta a Mino Carta
Prezado Mino,
Faz muito que admiro e acompanho o teu trabalho. Penso que desde a época em que Veja era leitura e expressava ideias que mereciam ser lidas. Bem, isso já vai bem longe.
Acompanhei, desde aqui da Capital dos Gaúchos, a ousada, mas a final frustrada, iniciativa jornalística do A República. E por aí vamos, eu quase nos 55 anos de existência.
Cumpre ressaltar, igualmente, que os teus combativos artigos, espada solitária a esgrimir ao lado das boas ideias, em face de uma mídia comprometida com interesses um tanto escusos, usualmente utilizei, ao longos dos anos,  como supedâneo e escudo contra o ideário retrógrado e reacionário prevalente nestas paragens.
Dito isso, confesso-te que me fez cair "os butiá dos bolso" essa tua insistência com o caso Battisti. Sempre tive para mim que, se um argumento tiver que ser repetido "ad nauseam", como no caso, algo não vai bem e é do lado do papagaio...
Pois bem. Partindo de ti a crítica, com todo o crédito que possuis, dispus-me a ler mais e atentamente sobre o caso. Mas, desde logo, intrigado com a tua enérgica postura.
De fato, diferentemente de ti, tenho o maior apreço e respeito, inclusive no campo das ideias jurídicas, por Sua Excelência o Governador Tarso Genro. Aliás, portador de sólido e invejável saber jurídico.
Indaguei aos meus botões que, assim como os teus, são muito bons de diálogo, o porquê do Tarso, com toda a sua bagagem jurídica, embarcar nessa, digamos apenas pelo sabor do argumento, "canoa furada". Meus botões silenciaram.
Com o tempo, fui colhendo aqui e acolá que as tuas razões poderiam não ser as melhores. E, o que era dúvida, passou à convicção. Com efeito, no final de 2010, ou no início de 2011, um grupo de notáveis constitucionalistas pátrios, os melhores, os quais aprendi admirar ao tempo ainda da universidade, lançou um manifesto exortando o STF a decidir pela permanência de Battisti, entendimento que, ao fim, veio a prevalecer, sintetizado na afirmação da soberania pátria.
Não é pouca coisa, Mino.
Nessas circunstâncias, Mino, não entendo a tua insistência. E entendo menos ainda quando, além de insistir e investir contra argumentos técnicos, passas a ridicularizar pessoas honradas.
Mino, este é um caminho tortuoso, para não dizer obscuro. Isso sem considerar a inaceitável arrogância de uma decadente Itália.
Não te acompanharei  neste teu - para mim inaudito - caminhar.
Ainda assim, minha admiração pela tua história, ousando recomendar uma nova consulta aos teus botões e à tua Olivetti.


Atte.,
Paulo de A. Bergman.

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